As espécies invasoras, que incluem plantas, animais e microrganismos introduzidos em ambientes diferentes de seus habitats originais, representam um desafio significativo para o Brasil. Com cerca de 476 dessas espécies no país, muitas introduzidas intencionalmente, como a tilápia, o tucunaré e o javali, os impactos econômicos e ambientais são expressivos.
O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, é uma espécie invasora que chegou ao Brasil durante o período colonial, vindo do Egito. Essa introdução foi resultado das Grandes Navegações, marcando a presença dessa espécie em ambientes urbanos e unidades de conservação. O comércio de animais de estimação e plantas decorativas é apontado como a principal via de introdução dessas espécies no país.
O prejuízo anual de até R$ 15 bilhões decorre não apenas do Aedes aegypti, mas de diversas espécies invasoras que impactam diferentes setores. Ao longo de 35 anos (1984-2019), essas espécies causaram um prejuízo mínimo estimado entre US$ 77 bilhões e US$ 105 bilhões, incluindo perdas agrícolas e florestais de cerca de US$ 28 bilhões. O Aedes aegypti contribui para perdas adicionais de US$ 11 bilhões devido à transmissão de doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika.
De onde o Aedes aegypti veio?
O mosquito, originário do Egito, é agora uma ameaça global, disseminando-se pelas regiões tropicais e subtropicais do planeta. No Brasil, sua presença é marcante em áreas urbanas, vulneráveis devido ao intenso tráfego de pessoas e mercadorias via portos e aeroportos. Contudo, mesmo áreas preservadas, como 30% das unidades de conservação no país, não estão imunes à invasão dessas espécies.
Além dos impactos econômicos, espécies invasoras, incluindo animais de estimação como cães e gatos, causam danos ambientais, interferindo no equilíbrio ecológico local quando soltos ou abandonados. A disseminação de conhecimento sobre a origem e as implicações negativas dessas espécies é crucial para reduzir a oposição ao manejo adequado delas.
Embora o Brasil não possua uma lista oficial de espécies exóticas invasoras, o Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental mantém uma base de dados nacional. O engajamento público, aliado a programas de controle e conscientização, é vital para mitigar os prejuízos causados por essas invasões biológicas. O reconhecimento do problema por indústrias como a madeireira e de geração de energia representa um avanço positivo na busca por soluções para esse desafio complexo.