Brasil está importando cadáveres — e o motivo é inusitado
É isso mesmo que você leu. O uso de cadáveres na ciência e na medicina não é nenhuma novidade, mas, segundo uma matéria da BBC, um dos principais motivos pelos quais o Brasil está importando cadáveres é estético. Os cadáveres “ainda frescos” são usados para o treinamento de técnicas de harmonização facial, como aplicação de botox e preenchimento.
“Nos cursos de harmonização facial, não são quaisquer cadáveres, mas sim corpos ainda frescos por terem passado por uma técnica de congelamento logo após o óbito, que foram doados em outros países e são importados para o Brasil”, explica matéria da BBC. A técnica chamada “fresh frozen” é considerada superior à técnica mais tradicional de conservar os corpos em formol. Esse congelamento permite preservar mais características do corpo humano.
E talvez você já tenha lido em algum lugar sobre a falta de corpos para o ensino de anatomia e medicina em universidades federais. Mas calma: esses corpos usados em cursos estéticos não vêm das mesmas fontes das universidades federais. Ou seja, eles não estão sendo “desperdiçados” na estética.
Esses corpos “fresh frozen” são provenientes de doações, principalmente nos EUA e em países da Europa. Empresas especializadas conectam os doadores a instituições de ensino interessadas, mas essas instituições precisam ter condições de custear os gastos com a importação, além de congelar e manter os corpos quando eles chegam ao país.
Por que treinar harmonização facial em cadáveres?
Com a popularização crescente dos procedimentos de harmonização facial, mais profissionais estão procurando uma formação superior que permita que eles se destaque ainda mais no mercado. Aí entra o treinamento com cadáveres. “Nenhum boneco ou simulador chega nem perto da veracidade de um treinamento com cadáver fresco. Ao fazermos alguns procedimentos, ele ainda pode sangrar, é muito similar a um paciente vivo”, explicou Henrique Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Anatomia, à BBC.
Segundo Sergio Serpa, médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), ao estudar um cadáver fresco, é possível acompanhar o trajeto de estruturas anatômicas e saber mais sobre onde elas se localizam, evitando que elas sejam atingidas por engano em um procedimento – o que gera uma série de complicações.
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