2.800 candidatos às Eleições de 2024 já foram multados por danos ambientais
O primeiro turno das eleições municipais de 2024 está chegando. Neste domingo (7), milhões de brasileiros irão escolher seus prefeitos e vereadores. O meio ambiente não costuma ser um assunto tão lembrado pelos eleitos na hora de decidirem seus candidatos, mas eventos climáticos extremos como os deste ano, como as enchentes em Porto Alegre e os recordes de queimadas, mostram como a pauta ambiental precisa ser levada mais a sério.
Um levantamento da BBC News Brasil revelou que pelo menos 2,8 mil candidatos das eleições 2024 já foram autuados por infrações ambientais – ao menos uma vez. “Para chegar aos nomes, a BBC News Brasil cruzou dados de filiação partidária e CPF dos candidatos”, explicou o site.
Inclusive, o número pode ser ainda maior, já que nem todos os dados estavam disponíveis publicamente. Foi a primeira vez que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) removeu essas informações da sua base.
Os estados que lideraram a lista foram:
- Minas Gerais (624)
- Pará (409)
- Mato Grosso (287)
Algumas dessas infrações são garimpo dentro de unidades de conservação, criação e comércio de gado em áreas proibidas, desmatamento ilegal, entre outras. Aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), essas infrações somam mais de R$ 500 milhões em multas. E a BBC News nem contabilizou as multas aplicadas por órgãos municipais e estaduais.
Vale destacar: uma infração administrativa não é a mesma coisa que uma condenação. Autuados podem recorrer na Justiça ou dentro do processo administrativo, o que pode levar anos até uma decisão final.
Infrações podem até ajudar alguns candidatos
André Carvalho, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP) e Pesquisador do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), explicou à BBC que essas infrações podem ajudar a reforçar o discurso de alguns candidatos.
“É uma espécie de efeito Ricardo Salles [ex-ministro do Meio Ambiente durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), cuja gestão foi marcada por afrouxar regras ambientais], quando o político fala que alguma coisa do ordenamento ambiental é obsoleta e acaba virando uma alternativa de voto para pessoas que pensam da mesma forma pela agenda antiambiental”, explicou o professor.
Fonte: BBC.
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